Sergio Pitol

A fim de esconder a origem humilde, Maria Magdalena muda seu nome para Jacqueline Cascorro, casa-se com o ambicioso Nicolás Lobato e, juntos, iniciam uma invejável ascensão social. Enquanto ele se dedica a uma carreira de sucesso no ramo hoteleiro, ela progride na alta sociedade, fazendo cursos de arte promovidos por ricaças desocupadas. O tédio conjugal, porém, devasta o coração de Jacqueline, que se entrega a um vício perverso: trair o marido e planejar seu assassinato.

As coisas nunca dão certo para ela, que retorna sempre ao ponto de partida, como se andasse em círculos. Enquanto Jacqueline se debate com seu destino patético, o leitor penetra cada vez mais fundo na psique da nova-rica atormentada e no ambiente das elites mexicanas, feito de vulgaridade e arrogância, onde reconhecerá muito do Brasil. Misto de sátira social com conto moral, "Vida Conjugal" é a melhor porta de entrada à obra do mexicano Sergio Pitol (1933), um dos escritores essenciais da língua espanhola na atualidade.

Alcino Leite Neto
Articulista da Folha